segunda-feira, 2 de maio de 2011

FORMAS DE ENDIVIDAMENTO - Parte I

AUTO-GRATIFICAÇÃO
Acredito que, actualmente umas das principais causas de endividamento das familias deve-se ao facto de as pessoas não saberem "atrasar a gratificação". Todos nós merecemos nos "MIMAR", dar prémios a nós próprios, como recompensa de algum objectivo alcançado. A compra de um novo carro, uma mota, uns sapatos, umas férias. O problema é que hoje em dia, as coisas inverteram-se e o que muitas vezes acontece é as pessoas quererem receber a recompesa antes de tempo e depois logo se vê.........!

Para isso não acontecer, teria sido necessário que alguém nos dissesse muitas vezes quando eramos novos: "Não tens dinheiro, não compras."

É fundamental sabermos aproveitar aquilo que temos e não comprarmos coisas que não precisamos realmente, bem como coisas para além das nossas possibilidades.
Esta forma de encarar a vida, irá poupar-nos muitas dores de cabeça e noites mal dormidas.

Ao comprarmos algo a pronto pagamento, quando o compramos é novo e esse bem dá-nos uma enorme satisfação pois trabalhámos arduamente para o adquirir.
Em oposição, ao comprarmos algo a crédito, esse objecto só será realmente nosso quando já estiver velho e nessa altura será necessário trocá-lo por outro e para isso iremos recorrer de novo ao crédito, repetindo o ciclo e aumentando a velocidade da nossa RODA.

CONTA ORDENADO
Uma outra grande armadilha do crédito é a utilização da conta ordenado. Muitas vezes a sua utilização está associada à negociação com o banco para outros produtos bancários, nomeadamente o crédito à habitação, em que o Banco propõe uma redução de spread se fizermos a domiciliação do vencimento.

A utilização deste "descoberto autorizado" é de evitar, pois é uma forma fácil de acesso ao creédito, rápidamente foge ao nosso controle e rápidamente deixamos de perceber que dinheiro estamos a utilizar, se o nosso, se o do banco, e por último as taxas de juro. Normalmente as taxas de juro cobradas pela utilização deste descoberto são bastantes elevadas.

Devemos aprender a gerir o nosso ordenado, disciplinando as nossas compras e gastos mensais, mediante o que realmente temos e não em função do que poderemos vir a ter.


CRÉDITO PESSOAL
Não sendo de tão fácil acesso, continua a ser relativamente fácil conseguir um crédito ao consumo para a compra de alguns bens (carro, TV LCD, mota, entre outros). Antes de tomar-mos esta decisão, há algumas questões que deveremos colocar a nós próprios (e porque não, à família também).

1 - Será que realmente necessito deste crédito?

Quando surge a tentação de possuir algo a solução passa por solicitar um empréstimo para o efeito. Basicamente se preciso de um carro vou pedir um crédito automóvel como se fosse a única solução para comprar carro.
Infelizmente o que os meios publicitários fazem é transmitir essa mensagem, pois não há anúncio de carro que não tenha solução de crédito associada.
Quem diz carro, diz outros bens de consumo e a verdade é que raras são as vezes que nos questionamos se realmente é necessário o crédito para adquiri tal bem.
É hora de colocar tudo em cima da mesa e verificar se o bem que pretende adquirir é útil e necessário para o bem estar da família e, a mais importante de todas, existem alternativas ao crédito.

2 - Tenho alternativas a este crédito?

É sempre preferível tentar encontrar soluções que evitem o recurso ao crédito. Se o que vai adquirir é extremamente necessário, então pode ser altura de utilizar o seu fundo de emergência ou aquelas poupanças que possui no banco.
Sei que é difícil tomar esta decisão mas, no caso de existência de juros a pagar, duvido que os juros que recebe das suas poupanças sejam superiores aos juros que irá pagar no crédito.
É claro que nem todos temos poupanças e que muitos de nós ainda não descobriu o verdadeiro valor de possuir um fundo de emergência. Nestes casos, pouco nos resta senão mesmo recorrer a familiares para evitar o crédito. É uma decisão igualmente difícil de tomar, mas quando o valor da compra é incontestável é mais fácil a família ajudar.
Aqui está um bom indicador se é realmente necessário a compra que pretende efectuar.

3 - Se o crédito for o único caminho, irá ajudar-me?

Um exemplo é um crédito para cuidados de saúde ou para educação dos filhos. Se todas as alternativas foram esgotadas e se for realmente necessário o crédito certamente terá uma importância enorme na condução do bem-estar, pelo que é indiscutível o seu valor e a ajuda que proporciona.

Todavia, para outras finalidades é necessário ponderar, como por exemplo, comprar um carro porque é extremamente necessário para o desempenho da sua actividade profissional ou comprar um carro porque o que possui está ultrapassado.

São dois créditos com a mesma finalidade que é a compra do carro, só que, enquanto a primeira razão o crédito o irá ajudar, na segunda irá ser mais um encargo no seu orçamento familiar.

4 - Tenho capacidade para pagar aquele crédito?

Regra geral, deixa-se esta decisão para o banco, ou seja, se o banco aprova o crédito é porque tenho capacidade de pagar.
Esta transferência de responsabilidade está errada, pois temos que ser nós a avaliar a nossa capacidade de pagar o crédito e a determinar todas as variáveis que poderão influenciar na nossa capacidade de pagar.
É certo que conhecer a nossa taxa de esforço nos ajudará, mas existe imensa informação que não deverá ser posta de lado, como por exemplo, existe risco de perder o emprego no decorrer do prazo do crédito, terei alguma despesa necessária que efectuar nos próximos tempos que influenciará a minha capacidade financeira, estou preparado para momentos difíceis, estou preparado para imprevistos, entre outros.

Como pode verificar o que ganho hoje não é suficiente para garantir as responsabilidades do futuro, tem que existir algo mais para que a garantia exista.


Adaptado de: "O seu primeiro milhão"

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